Ruídos pulsativos
Geléia Geral
Movimento de vanguarda literária surgido no Brasil na segunda metade dos anos 50. Em 1958, os poetas Haroldo de Campos, Augusto de Campos e Décio Pignatari lançaram, no número 4 da revista Noigandres, o manifesto intitulado “Plano-Piloto para Poesia Concreta”. A proposta era questionar a forma tradicional da poesia estruturada em rimas e métricas, decretando o fim do verso e sugerindo substituí-lo por novas estruturas baseadas na disposição espacial das palavras em alinhamentos geométricos. Buscando uma nova forma para veicular a expressão poética, os concretistas vão concentrar suas preocupações na materialidade da palavra, nos seus aspectos sonoro (musical) e gráfico (visual).
A poesia concreta resgata e radicaliza propostas formalistas anteriores que percorreram difusamente os movimentos de vanguarda do início do século. O mote dos concretistas é o dístico do poeta russo do começo do século, Maiakovski: “Sem forma revolucionária não há arte revolucionária”. Suas principais influências: Mallarmé, James Joyce, Maiakóvski, Souzândrade, Ezra Pound, e.e. cummings, João Cabral de Melo Neto e Oswald de Andrade.
Além de poetas, Décio Pignatari e os irmãos Campos atuaram como críticos musicais em grandes jornais, dando suporte intelectual para as inovações tropicalistas na música popular durante os anos 60. Para eles, o projeto tropicalista afinava-se com suas aspirações, sobretudo por atuar na faixa do experimentalismo aberto à informação moderna. A canção “Batmacumba”, de Gilberto Gil e Caetano Veloso, pode ser considerada um exemplo da influência direta da poesia concreta em seus trabalhos.
Um dos principais pontos de interseção entre os dois grupos é a antropofagia oswaldiana. O poeta Oswald de Andrade, fundamental para os concretistas, passou a ter importância similar para os tropicalistas a partir da encenação de O Rei da Vela por José Celso Martinez Corrêa. O interesse em comum selou a convivência criativa entre os grupos.