FEVEREIRO

Gilberto Gil passa uma temporada de dois meses em Recife e arredores, conhecendo tanto a vanguarda local quanto a tradição – como a banda de pífaros de Caruaru. O compositor traz da viagem influências diretas para suas idéias tropicalistas.

   
ABRIL
– Na mostra de artes visuais Nova Objetividade Brasileira, realizada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, o carioca Hélio Oiticica expõe seu grande penetrável, batizado "Tropicália".
   
MAIO

– O filme Terra em Transe, do cineasta baiano Glauber Rocha, entra em cartaz.

– Gilberto Gil lança seu primeiro LP, Louvação. Apesar das músicas não trazerem temáticas tropicalistas, as parcerias com José Carlos Capinan, Torquato Neto e Caetano Veloso mostram que o movimento estava se organizando.
   
JUNHO

O álbum Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, dos Beatles, é lançado na Inglaterra.

– É lançado o livro Panamérica, de José Agripino de Paula.
   
JULHO
É lançado o disco Domingo, com Caetano Veloso e Gal Costa. Apesar de ressaltar sua filiação à Bossa Nova, Caetano avisa no texto que escreveu para o disco que suas idéias estavam tomando um outro rumo, mais radical.
   
SETEMBRO
A peça “O Rei da Vela, escrita em 1933 pelo poeta modernista Oswald de Andrade,
é montada pelo diretor paulista José Celso Martinez Corrêa, e estréia no Teatro Oficina,
em São Paulo.
   
OUTUBRO
– As canções “Alegria, alegria”, de Caetano Veloso, acompanhado dos Beat Boys,
e “Domingo no parque, de Gilberto Gil, acompanhado de Os Mutantes, são apresentadas pelos autores no III Festival de MPB da TV Record, de São Paulo. A música de Caetano classifica-se em quarto lugar; a de Gil, em segundo. Está inaugurado o Tropicalismo.
   
NOVEMBRO

No dia 29, em Salvador, ocorre o "casamento-pop" de Caetano Veloso e Dedé Gadelha;
a cerimônia e a festa viram um happening
com direito à capa da Revista O Cruzeiro.

– O poeta concretista Augusto de Campos publica dois artigos em defesa do trabalho
dos tropicalistas, um no Correio da Manhã,
outro em O Estado de São Paulo.
   
 
FEVEREIRO

Após uma noite de conversas com alguns cineastas em um bar de Ipanema, o jornalista Nelson Motta publica no jornal Última Hora uma espécie de manifesto tropicalista bem-humorado intitulado “A cruzada tropicalista”.

   
MARÇO

– Lançamentos dos discos Caetano Veloso,
com arranjos de Júlio Medaglia, Damiano Cozzela e Sandino Hohagen, e Gilberto Gil,
com arranjos de Rogério Duprat, ambos pela gravadora Philips.

– Augusto de Campos publica ensaio sobre
os dois discos recém-lançados, em O Estado
de São Paulo
.

– Hélio Oiticica escreve o texto “Tropicália”.
   
JUNHO
Lançamento do LP Os Mutantes, com arranjos de Rogério Duprat, pela Philips.
   
JULHO
Lançamento, pela Philips, do álbum coletivo Tropicália ou Panis et Circensis, com Caetano, Gil, Gal, Mutantes, Tom Zé e Nara Leão,
e arranjos de Duprat.
   
AGOSTO

Hélio Oiticica e Rogério Duarte realizam dois eventos no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro: a exposição-evento Apocalipopótese
e o debate “Cultura e Loucura”, ambos com
a presença de Caetano Veloso.

– Augusto de Campos lança o importante livro Balanço da Bossa, em que reúne seus artigos
a favor dos tropicalistas.
   
SETEMBRO

Gil e Caetano concorrem no Festival Internacional da Canção, da TV Globo, do Rio. “Questão de Ordem”, de Gil, com acompanhamento dos Beat Boys, não se classifica para a fase final. “É proibido proibir”, de Caetano, acompanhado pelos Mutantes,
é desclassificada, após violento discurso improvisado por Caetano, em reação às vaias da platéia.

   
OUTUBRO

Divino, maravilhoso, programa semanal dos tropicalistas, de caráter experimental, estréia na TV Tupi de São Paulo, com direção de Fernando Faro. Será apresentado até o final de dezembro.

   
NOVEMBRO

“São São Paulo, meu amor”, de Tom Zé, cantada pelo próprio, vence o IV Festival
de MPB da TV Record. “Divino, maravilhoso”,
de Caetano e Gil, com Gal, obtém a terceira colocação, e 2001, de Tom Zé e Rita Lee,
com os Mutantes, a quarta.

   
DEZEMBRO

É lançado Tom Zé, LP solo de estréia do artista, pelo selo Rozenblit.

– No dia 9 de dezembro, Hélio Oiticica e Torquato Neto embarcam rumo a Londres para a exposição do primeiro na Whitechapel Gallery. Ambos permanecem por um ano na Europa.

– No dia 13, o governo militar edita o Ato Institucional nº 5, que solapou os direitos civis `
e suprimiu a liberdade de expressão artística.
No dia 27, Gil e Caetano são presos
em São Paulo e levados para o quartel
do Exército de Marechal Deodoro, no Rio.
   
 
FEVEREIRO

Caetano e Gil são soltos na Quarta-feira
de Cinzas e seguem para Salvador. Lá, são submetidos a um regime de confinamento
até julho.

– É lançado Mutantes, segundo LP do grupo, com arranjos de Rogério Duprat, pela Philips.
   
MARÇO
– Lançamento de Gal Costa, primeiro LP individual da cantora pela Philips, com direção musical de Duprat.
   
ABRIL E MAIO
Caetano e Gil gravam em Salvador as vozes e os violões de seus novos discos, que receberão arranjos de Rogério Duprat e terão gravações complementares posteriormente, em São Paulo e Rio. Os discos serão lançados em agosto.
   
JULHO

Apresentação do show de despedida de Caetano e Gil, no Teatro Castro Alves, em Salvador. Em seguida, eles partem para o exílio, na Europa. Vão a Lisboa e a Paris, acabando por se fixarem em Londres.

   
 
JANEIRO

Hélio Oiticica volta de Londres e transforma sua casa no Jardim Botânico em ponto de encontro de cineastas, músicos e poetas.

   
MARÇO
Caetano Veloso e Gilberto Gil dividem algumas apresentações no Royal Albert Hall,
em Londres. É a primeira aparição deles em shows desde o exílio.
   
MAIO
Show de Gal Costa na Boate Sucata, Rio de Janeiro. Nesse show, Gal contava com Jards Macalé, Lanny Gordin e Naná Vasconcelos em sua banda e cenários de Hélio Oiticica.
   
AGOSTO

Hélio Oiticica faz o trabalho gráfico da capa
de Legal, disco de Gal Costa.

– Gilberto Gil recebe o prêmio “Golfinho de Ouro”, do Museu da Imagem e do Som, pelo sucesso “Aquele Abraço”. O prêmio foi recusado pelo músico por meio do artigo “Rejeito + aceito = rejeito”, publicado no Pasquim.

– No mesmo mês, Caetano, Gil, Gal Costa
e outros artistas brasileiros fazem uma apresentação de improviso no Festival da Ilha de Wight.
   
 
JANEIRO

Caetano Veloso é autorizado a visitar o Brasil e vai à Bahia ver os pais e familiares.

– Com uma bolsa da Fundação Guggenheim, Hélio Oiticica viaja para Nova York, onde moraria por oito anos.
   
ABRIL
Gilberto Gil lança Gilberto Gil, álbum gravado na Inglaterra e cantado todo em inglês.
   
JUNHO
É lançado no Brasil o disco “inglês” de Caetano Veloso, gravado no exílio e intitulado apenas com seu nome.
   
AGOSTO
– Caetano Veloso retorna ao País apenas para participar de um programa na TV Tupi, com
Gal Costa e seu grande ídolo, João Gilberto.
   
OUTUBRO
Gilberto Gil faz algumas apresentações
em Nova York, com cenário e luzes produzidos por Hélio Oiticica.
   
 
JANEIRO

– Caetano Veloso e Gilberto Gil retornam ao Brasil. Depois de alguns shows no Rio de Janeiro e São Paulo, ambos voltam para Bahia.
No carnaval de Salvador, o Trio Tapajós consagra a volta dos tropicalistas tocando
na Praça Castro Alves, em cima do caminhão batizado de “CAETANAVE”, os sucessos
“Atrás do trio elétrico” e “Chuva, suor
e cerveja”, ambas de Caetano Veloso.

   
MARÇO

Caetano Veloso e Gilberto Gil se apresentam juntos no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

– É lançado no Brasil o inspirado disco Transa, gravado por Caetano Veloso ainda no exílio, com Jards Macalé, Perinho Albuquerque
e Tuti Moreno.
   
JULHO
Gilberto Gil lança Expresso 2222, disco que marcaria seu retorno do exílio e uma nova fase em sua carreira.
   
NOVEMBRO
Torquato Neto comete suicídio em seu apartamento, no Rio de Janeiro. Ele tinha
27 anos.