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Carlinhos Brown

No âmago da palavra, a Tropicália representa para mim a calha. A calha é onde chove, tem um telhado
e por ela passa os córregos da chuva.

A Tropicália é muito mais que afirmação. Foi o acesso para que nós, pós-tropicalistas, fizéssemos esse movimento de aproximação sócio-cultural que vai dar no axé-music e tantas outras coisas. A Tropicália
é um berço, nos informou sobre o Brasil e aprendemos muito.

Eu herdei do Chacrinha e da Elke Maravilha uma forma de vestir ou melhor uma forma de assumir
as vestes, de assumir a postura das vestes. Então, eu adoro me vestir de uma forma estranha que você não sabe se é Miranda, se é Chacrinha, se é circense. Eu procuro uma identificação na indumentária, principalmente em ação no palco, que é diferenciada do usual, e isso é ser tropicalista.

A roupa é em mim um complemento que foi muito encorajado por estas figuras. É a extensão do que
as palavras não alcançam. É a extensão do que a melodia não tem e a gente procura no visual.

Um médico ou um cara que trabalha numa portaria de hotel não aceita ver o artista vestido como
um médico ou como um porteiro. Ele quer diferença para que, nos momentos em que não se encontra doutrinado pela farda, possa também esbanjar sua liberdade e transcender.

A liberdade literária e musical que os tropicalistas tinham me influenciou bastante. Eu não tenho o grau
de instrução de Caetano e Gil, mas eu me agrego a isso. Meu pensamento se agrega a isso. Em mim essa liberdade surge mais da ignorância do que do saber. Então, o fato de eu não ter tido o acesso necessário aos estudos, fez com que eu tivesse uma liberdade no português. Por exemplo, eu não sei o que é ponto
e vírgula. Mas sei quanto um som empurra uma palavra à frente.

Eu sou um carnavalesco. Não faço parte da Tropicália, assiduamente, mas sim do que chamo de carnavália, que é essa valia do Tropicalismo dentro do carnaval. Por fazer música carnavalesca e também canções é que sou tendenciosamente um músico inspirado pelo movimento.

Eu faço músicas de carnaval e também faço canções. Utilizo a Timbalada como uma saída carnavalesca, mas não posso jogar as outras inspirações fora. Isso eu aprendi com o Tropicalismo. É como se houvesse um momento rápido de viver e um momento calmo de viver. O Tropicalismo fez com que eu entendesse mais o Brasil, essa foi a mensagem que eu consegui captar dos amados mestres. Caetano e Gil foram exilados, mas “homem de movimento nunca foi um marginal”.

Exclusivo para o site Tropicália.

 
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