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Yanka Rudzka
Antônio Risério
Extraído de Avant-Garde na Bahia, Instituto Lina Bo e P.M. Bardi, 1995

Yanka Rudzka é o exemplo imediato de pessoa automaticamente afetada pelo mundo baiano, segundo a dançarina-coreógrafa Lia Robatto, que foi sua aluna. Trazida para o Brasil por Pietro Maria Bardi, para ensinar no Museu da 7 de Abril (São Paulo), Yanka veio pela primeira vez à Bahia, enviada pelos Diários Associados de Assis Chateaubriand, para fazer “pesquisa folclórica”. Apaixonou-se pelo lugar. Mais tarde, indicada por Koellreutter, recebeu e aceitou o convite de Edgard para dirigir a Escola de Dança. Conta Lia que, apesar de polonesa e católica, Yanka se interessou esteticamente pelo candomblé, que conheceu graças a Carybé e Mário Cravo. De seu apartamento no bairro do Chame-Chame, anotava a partitura rítmica do batuque candomblezeiro que a brisa lhe trazia, vindo provavelmente do candomblé da roça da Sabina, mãe-de-santo que seduziu Ruth Landes. E deixou que esse universo ingressasse em suas criações antes exclusivamente européias. Assim, ao tempo em que coreografava peças de Debussy e Hindemith, por exemplo, aparecia também como autora de trabalhos cujos títulos dizem tudo, como “Águas de Oxalá” e “Candomblé”. Além do candomblé, de coreografias com percussão “afro”, Rudzka se aproximou também da capoeira, botando berimbau no palco, som de arame tenso no meio de sua arquitetura gestual moderna. Na visão de Lia, Yanka foi a primeira coreógrafa que trabalhou esses elementos sem cair na mera diluição, no folclorismo fácil, em suma, no que Oswald de Andrade chamava de macumba-pra-turista. Na verdade, Yanka tinha uma postura algo distante (“acho que tinha um certo medo dos orixás”, arrisca Lia), mas atenta. Seu interesse não era o envolvimento religioso - o que seria excessivo para uma católica polonesa -, mas o candomblé como linguagem, campo de formas, discurso gestual. Assim é que, entre a primeira e a segunda estadias na Bahia, levou para São Paulo o que conseguiu captar. “Antes de vir para a Bahia, dancei candomblé em São Paulo - o candomblé da Yanka, é claro”, matiza Lia, solista de coreografias da polonesa. Não tivemos portanto um mergulho como o que poderia ter ocorrido com uma Katherine Dunham, mas, de qualquer modo, Yanka estava aberta para aqueles “signos em rotação” - e aproximou, na coreografia “Candomblé”, orixás e música dodecafônica”.

 
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