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Antimoda

Além de uma revolução na música popular brasileira, o tropicalismo foi uma ampla revolução cultural no Brasil dos anos sessenta. Ao lado da experimentação musical, seus participantes apresentaram ao público um forte apelo visual em suas propostas. Influenciados por leituras de Marshall McLuhan, cujos escritos diziam que “o meio é a mensagem” e a roupa “é um prolongamento do corpo”, a imagem passava a ser tão importante quanto as idéias presentes em letras de música e declarações públicas.

Assim, as capas de disco, os cenários dos shows e principalmente as roupas usadas em apresentações
e aparições públicas foram fonte de choque e escândalo para o grande público. Ao mesmo tempo, elas foram elementos fundamentais para o sucesso popular do movimento e a permanência de sua imagem.
As roupas de plástico e vinil de Caetano Veloso, as batas indianas coloridas de Gilberto Gil, as fantasias usadas pelos Mutantes ou os cabelos e o visual agressivo de Gal Costa eram toques estratégicos para
a formação desse visual tropicalista.

A principal responsável pela maioria dessas roupas foi a estilista mineira Regina Helena Boni. Sua loja
Ao Dromedário Elegante
, aberta em 1968 na rua Bela Cintra, em São Paulo, tornou-se uma referência
no visual alternativo da época. Suas roupas podiam ser vistas nas apresentações não só dos tropicalistas, mas também de músicos da jovem guarda como Roberto e Erasmo Carlos e Wanderléa. Outro dos seus “modelos” nessa época era o apresentador de televisão Chacrinha, figura chave do tropicalismo.
Nas declarações de Regina Boni sobre a moda tropicalista e suas criações, a estilista afirmava que suas inspirações para as roupas surgiam em diálogo com as canções e as idéias dos shows dos músicos.
Seus figurinos não só vestiam os cantores como faziam parte da proposta visual de toda a apresentação.

Na década seguinte, a moda se descolava um pouco dos movimentos musicais e adentrava o campo
da contracultura, incorporando de vez o visual hippie como vestimenta alternativa para os jovens.
A temática radical da margináliacomeçava a substituir as bananas e as cores vivas do tropicalismo.
Em 1968 e 1970 respectivamente, a repórter e fotógrafa Marisa Alvarez Lima publicou duas reportagens sobre as novas tendências nas revistas A Cigarra e O Cruzeiro. Seus títulos –  “Antimoda – moda mutante” e “Antimoda – reação marginal” – diziam com todas as letras que uma proposta visual alternativa
estava em curso no País. Nessas reportagens, ela apresentava o conceito de antimoda ou moda marginal, presentes nas roupas do Dromedário Elegante de Regina Boni e da boutique carioca Frágil, de Célia Azevedo e do pintor Adriano de Aquino.

Localizada em Ipanema, perto da praia e das famosas “dunas do barato”, a Frágil prosseguiu no caminho da experimentação, aberto por Regina Boni e sua loja em São Paulo. No artigo sobre a boutique carioca,
a proposta de moda da Frágil é apresentada com uma espécie de manifesto que define a idéia de antimoda e sua “reação subterrânea na busca da liberdade total”. Nesse manifesto, a moda torna-se um “ato mágico que se renova” e “um processo pacífico contra o estabelecido”. Afinal de contas, essa foi uma época em que se vestir, mesmo com lojas na Bela Cintra e Ipanema, também poderia ser uma atitude marginal.
 
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