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O clima natalino invadia o programa Divino, Maravilhoso, transmitido ao vivo pela TV Tupi, na noite de 23 de dezembro de 68. O editor de imagens do programa, Cassiano Gabus Mendes, fez o que pôde, mas não conseguiu evitar que a cena de Caetano apontando um revólver para a própria cabeça aparecesse em primeiro plano no vídeo.

O líder do grupo baiano diz ter se inspirado em cena de Terra em Transe, de Glauber Rocha, mas aproveitou para fazer uma alusão à morte do também baiano Assis Valente, compositor da marchinha “Boas Festas” e das canções “Lá vem o Brasil descendo a ladeira” e “E o mundo não se acabou”. Ele se matou dez anos antes, aos 47 anos, tomando goles de formicida numa garrafa de guaraná. “Anoiteceu, o sino gemeu, e a gente ficou, feliz a rezar…”

Inspiração e homenagem à parte, o que os tropicalistas queriam mesmo era mostrar o inconformismo com a caretice da tradicional família brasileira. E não havia melhor hora para uma cena chocante como essa. Diante de tantas provocações, já se comentava logo nas primeiras semanas de exibição que os dias do programa estavam contados.

Não bastassem as cartas indignadas dos telespectadores e de autoridades de cidades interioranas, policiais à paisana freqüentavam o auditório, o que fazia subir ainda mais a pressão e o mal-estar contra os tropicalistas.

Com a decretação do AI-5 em 13 de dezembro do mesmo, o medo havia crescido entre o elenco e a produção. Jô Soares chegou a avisar Caetano e Gil que seus nomes integravam uma lista de “personas non gratas do governo”. Não deu outra. Ambos foram presos em 27 de dezembro.

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