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Curiosidades
Dedé Gadelha e Caetano Veloso bem que tentaram manter em segredo data e local do casamento. A idéia era fazer algo simples para as duas famílias, os padrinhos e amigos mais próximos, mas a notícia vazou e centenas de pessoas – a maioria, estudantes – se espremiam em frente à Igreja de São Pedro, na capital baiana, na manhã de segunda-feira, 20 de novembro de 1967.
Trânsito congestionado nas redondezas, portas de lojas baixadas, o tumulto era tamanho que nem mesmo o noivo, com camisa laranja de gola rolê – a mesma que usara no festival da TV Record – e uma flor amarela de papel crepom, conseguia entrar na Igreja para a cerimônia.
Até aquele momento, nem ele nem Dedé – que foram para a Igreja no mesmo carro – entendiam porque ficaram parados no trânsito por quase trinta minutos nas imediações da Igreja. A verdade é que o Diário de Notícias, de Salvador, tinha publicado na véspera o horário e o local. Resultado: duas horas e meia antes da cerimônia, os estudantes já lotavam a Igreja, ávidos para ver de perto o novo ídolo e o anunciado “casamento hippie”.
Gilberto Gil e Maria Bethânia, entre os padrinhos, entraram minutos antes. Os noivos só conseguiram chegar ao altar sob escolta policial. Mesmo assim, fãs mais exaltadas tentavam puxar o cabelo de Caetano e a roupa de Dedé – uma túnica branca curta com capuz forrado em tom rosa choque e uma bombacha. Em lugar do clássico buquê de noiva, Dedé segurava enormes flores de papel crepom colorido, criado por Ana, mulher de Torquato Neto.
Os fãs cantavam “Alegria, Alegria”, classificada em segundo lugar no 3º Festival de Música Popular Brasileira da Record, um mês antes. O padre tentava conseguir um pouco de silêncio para iniciar a celebração mas, quando viu dona Canô desmaiar de tanta emoção nos braços de Bethânia, não teve dúvidas. “Rápido, meus filhos! Rápido, ou destroem a Igreja!” E a cerimônia acabou durando pouco mais de um minuto.