Ruídos pulsativos
Geléia Geral
Movimento cinematográfico surgido no Brasil, na segunda metade dos anos 50, o Cinema Novo inaugura uma perspectiva crítica em relação ao cinema então produzido no Brasil, por estúdios como os da Vera Cruz. Seus diretores, críticos e teóricos procuraram contrapor novas idéias aos valores estéticos de uma cultura cinematográfica dominada por interesses industriais. Seus filmes inauguravam o que se chamava de “aventura da criação”.
No centro do debate dos jovens cineastas do movimento – influenciados pelo Neo-realismo italiano, pela Nouvelle Vague francesa e contaminados pelo espírito desenvolvimentista da era JK (Juscelino Kubitschek) – encontrava-se a produção de um cinema brasileiro em que os elementos estéticos encontrassem um equilíbrio entre o “cinema de autor” e a preocupação política em nome da formação de uma “consciência nacional”.
“o cinema novo
é um projeto que se realiza
na política da fome, e sofre,
por isto mesmo, todas as fraquezas
consequentes de sua insistência.”
Glauber Rocha
Embora o núcleo do Cinema Novo tenha se estruturado a partir do trabalho do diretor Nelson Pereira dos Santos e registre a presença de cineastas importantes como Ruy Guerra, Joaquim Pedro de Andrade e Cacá Diegues, o grande nome do movimento é, certamente, o do cineasta baiano Glauber Rocha. Formulador teórico e visionário da estética cinemanovista – “uma idéia na cabeça e uma câmera na mão” – e diretor de filmes como Deus e o Diabo na terra do sol (1964), Terra em transe (1967) e O dragão da maldade contra o santo guerreiro (1969), suas obras e opiniões lhe garantiram lugar de destaque entre os maiores cineastas contemporâneos.
Crítica radical da realidade política e cultural do País durante os primeiros anos do regime militar, seu filme Terra em transe foi uma referência fundamental para o movimento tropicalista. O impacto desse filme sobre Caetano Veloso determinou um novo impulso criativo em sua carreira e serviu-lhe de inspiração para compor a canção “Tropicália”.