Ruídos pulsativos

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Geléia Geral

Abelardo Barbosa, o Chacrinha, apresentador de programas de auditório, tornou-se, nos anos 60, uma das figuras mais populares da televisão brasileira. Nesse período, comandava dois programas de grande audiência, a Discoteca do Chacrinha e A Hora da Buzina.

“eu vim para confundir não para explicar

Excêntrico e espalhafatoso, cara e corpo de palhaço, antítese do astro televisivo, o “velho guerreiro”, como era também conhecido, dirigia seus programas num ambiente de total liberdade cênica e espírito carnavalesco. Os concursos de calouros e as apresentações de artistas eram marcados pela algazarra de um auditório que Chacrinha estimulava arremessando bananas e pedaços de bacalhau entre apelos verbais que se tornaram famosos, como “vocês querem bacalhau?”, “quem não comunica se trumbica”, “alô, alô, Terezinha” e “alegria, alegria”, este último utilizado por Caetano Veloso para dar nome à famosíssima canção tropicalista.

“vocês querem bacalhau?”

Chacrinha – “uma experiência dadá de massas que às vezes parecia perigoso por ser tão absurdo e tão energético”, no dizer de Caetano Veloso – despertou a atenção de estudiosos da comunicação, como o pensador francês Edgar Morin. Assumido pelo tropicalismo como uma espécie de símbolo pop, foi homenageado por Gilberto Gil em seu samba de despedida “Aquele Abraço”, na partida para o exílio londrino. Em seus programas, Caetano Veloso apresentou-se algumas vezes e Hélio Oiticica participou como jurado de calouros.

“quem não se comunica, se trumbica

Indagado sobre o que pensava do tropicalismo, Chacrinha respondeu: “Sou tropicalista há mais de 20 anos. O que acontece é que antes a imprensa me chamava de débil mental, de maluco, de grosso”.

“teresinhaaaaaaa… uh, uh!”

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