Ilumencarnados seres

Três trópicos da tropicália

desacademização

Quando se faz um trabalho que se destina à eternidade, há uma diferença. Eu sempre trabalhei pensando no princípio do descartável. Fazia ilustrações para a revista Os Reis do Iê-Iê-Iê, e era exatamente isto que me interessava, e não aquelas tais nobres categorias estéticas, tão prezadas pelos críticos da época. Se bem que não se pode, por outro lado, pretender que qualquer coisa feita aqui no Brasil tenha um alto grau de originalidade e independência absoluta que o distinga das manifestações artísticas em outros países. A modernidade não pode ser uma coisa isolada, xenófoba. A pretensão de som universal e de uma série de coisas da Tropicália era para sacudir esses conceitos. Passávamos por um processo de desacademização. Se bem que nossa atitude frente às experimentações não era linear, que seria simplesmente pegar um modelo já pronto e aplicar aqui para ver se dava certo. A novidade não acontece assim. Mas coisa natural, antropofágica, peculiar do processo criativo brasileiro. Eu vejo por esse ângulo e não como uma tentativa manipulada de usar um modelo.

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