Ilumencarnados seres

Três trópicos da tropicália

um desejo amoroso de modernidade pelo brasil

Vou ser extremamente sincero. Eu sou um cara engagé mesmo. Quando assumi o Tropicalisrno, foi em termos de guerra. Fui para a prisão, fui torturado. Passei anos na clandestinidade e no ostracismo, mas fui fiel, como sou até hoje, à essência do que nos inspirava. A essência do Tropicalismo era um desejo amoroso de modernidade para o Brasil. Era todo um ponto de vista que estava, e continua, reprimido e que naquele momento histórico a gente pôde veicular. Foi um momento de êxtase, de criatividade real e que alimentou e alimenta até hoje este país. Foi talvez o movimento mais moderno do Brasil no sentido de que ele era um movimento ligado a uma civilização contemporânea e de massas, sem ranços, sem compromissos ou peias ideológicas com facções de esquerda, ou de direita. Era a própria inteligência brasileira se manifestando, num momento de consciência, de lucidez e de paixão por esse país. Era também um momento em que uma potencialidade brasileira se apresentou. Porque quando eu falo de Tropicalismo, sempre digo que não é um movimento, é a própria arte brasileira. O modernismo já era assim A vocação do Brasil é essa. Essa é a nossa fala. Essa é nossa identidade. Há visões superficiais disso, mas essa vocação brasileira está aí em tudo: nessa garra, nessa paixão, nessa identidade universal do brasileiro.

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