Ilumencarnados seres
Três trópicos da tropicália
janis
Janis Joplin era a branca negra, a garota da vossa geração que sintetizava os Estados Unidos da liberdade, da aventura e da rebeldia. Os Estados Unidos da América fatalmente mestiça, fatalmente comprometida, em todas as suas prospeções, com os não-brancos que a colonização dizimou ou escravizou. Ela era também um exemplo entusiasmante de como uma sociedade abundante como a norte-americana, com seu altíssimo grau de de competitividade, pode produzir artistas em que a aspereza do inculto é atingida com a cultivadíssima precisão. Passamos a assistir ao espetáculo das lâmpadas coloridas em volta da boneca de fibra de vidro segundo os sons da gravação de “SummerTime” na voz de Janis. A inconsistência musical do Big Brother and the Holding Company mais realçava do que atrapalhava a beleza do canto dessa menina que surgia como uma figura nuclear no novo mundo dos universitários californianos, dos radicalismos dos panteras negras, da oposição à guerra do Vietnã e do show business recém-transtornado pelo neo-rock’n’roll.
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